Mipo Oh nasceu no Japão em 3 de março de 1977. Ela é da terceira geração de coreanos japoneses e construiu ao longo dos anos uma promissora carreira no mundo do audiovisual japonês.
Depois de se formar no Departamento de Planejamento e Conceito Visual da Universidade das Artes de Osaka, Mipo começou a trabalhar como roteirista em conjunto com o diretor Nobuhiko Obayashi. O diretor é muito conhecido no Japão por seu estilo visual surreal em produções cinematográficas e em publicidades para a televisão.
Mipo Oh expandiu seu trabalho para o cinema realizando três curtas, sendo o terceiro “Eye” premiado no conceituado Short Shorts Film Festival em 2002. Trata-se de um dos maiores e mais conceituados festivais da categoria no continente asiático, que visa promover curtas-metragens na região.
Após exibirem seis curtas de George Lucas, diretor de “Star Wars”, em 1999, recebendo todo ano uma carta de apoio do cineasta americano, em 2004 o Oscars creditou ao evento o “título” de festival de qualificação para o Academy Awards, o que significa que o ganhador do maior prêmio é elegível para ser nomeado na categoria de curtas-metragens do Oscar. No mesmo período, Mipo Oh, com seu outro filme, “Avó”, ganhou o prêmio de melhor Curta Digital no Festival Internacional de Filme Fantásticos de Tokyo, um dos maiores do gênero no mundo.
Em 2005, ela escreveu seu primeiro roteiro de longa-metragem, “The Sakai’s Happiness”, que ganhou o Sundance / NHK International Filmmakers Award, e no ano seguinte, dirigiu seu primeiro longa-metragem baseado neste roteiro. Em 2010, como roteirista e diretora, lançou o bem avaliado pela crítica “Aí vem a noiva, minha mãe!” que foi exibido no Festival Internacional de Busan na Coreia do Sul, também um dos principais festivais da Ásia.
Ela ainda recebeu o Kaneto Shindo Awards, uma das principais premiações do país, dirigida a cineastas promissores, coordenada pelo comitê de produtores japoneses. Kaneto Shindo é um dos maiores diretores do país, tendo escrito e realizado diversas produções sobre Hiroshima e a bomba nuclear, já que nasceu na cidade onde o ataque ocorreu em 1945, fim da Segunda Guerra Mundial.
Mipo Oh ainda ganhou o prêmio de melhor diretor no Festival de Cinema Mundial de Montreal por “The Light Shines Only There”, que também foi escolhido para ser o representante do Japão no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, concorrendo também, na mesma categoria, no 37th Festival Internacional de Filmes de Moscou, em 2016.
![Colunas » Mipo Oh: Uma Cineasta que Conquistou o Japão [Coreanos pelo Mundo] Cena do Filme The Light Shines Only There.](https://www.koreapost.com.br/wp-content/uploads/2018/01/CINEASTA-1.jpg)
A progressiva ascensão de uma cineasta coreana-japonesa chamou atenção do jornalista americano e crítico de cinema do Japan Times, Mark Schilling que a descreve como: “uma mulher fisicamente pequena, em uma indústria dominada por homens com grandes egos. Ela pode ter ‘endurecido’ por suas várias batalhas na indústria, mas ela ainda é graciosa o suficiente para receber educadamente um jornalista que não segue regras e que a mantém longe de um jantar bem merecido”.
![Colunas » Mipo Oh: Uma Cineasta que Conquistou o Japão [Coreanos pelo Mundo] Mipo Oh](https://www.koreapost.com.br/wp-content/uploads/2018/01/CINEASTA-3.jpg)
Mipo Oh, ainda sobre seu filme “The Light Shines Only There”, adaptação do romance de Yasushi Sato, lançado em 1989, respondeu ao entrevistador sobre a razão de escolher tal tema, construindo uma história densa e obscura que parece querer refletir o momento de dificuldades e provações por que passa a sociedade japonesa atual. “O casal (no romance) está vivendo na pobreza – o inverso do poder e influência do Japão na época. Mas na atual sociedade altamente estratificada do Japão, muitas pessoas estão desempregadas ou não estão trabalhando o suficiente. Eu pensei que a pobreza do casal refletia as condições do agora, então eu mudei o cenário para o presente“. Por sinal, em todos seus filmes, a diretora parece apresentar esta mesma linha unindo expressão artística e crítica social. Uma característica muito encontrada no cinema sul-coreano dos tempos atuais também.
Segundo o jornalista americano, o filme de Mipo, conta a história de “duas almas perdidas que se encontram em um porto de Hokkaido decadente, enquanto lutam contra traumas passados e sentimentos presentes de inutilidade e desespero“. Para a diretora, este filme desafiante e intransigente tem marcas de seus trabalhos anteriores e mais audazes. No entanto, o casal central, Tatsuo (Go Ayano) e Chinatsu (Chizuru Ikewaki), encontram momentos de significado e conexão, por mais impossíveis que a redenção permanente (de acontecimentos dolorosos do passado e do presente) possa parecer.
A “Luz” no título do filme, em outras palavras, não é apenas uma amarga ilusão.
![Colunas » Mipo Oh: Uma Cineasta que Conquistou o Japão [Coreanos pelo Mundo] Cena do filme Being Good.](https://www.koreapost.com.br/wp-content/uploads/2018/01/CINEASTA-2.jpg)
Mipo ainda dirigiu o denso e intrigante “Being Good“, um filme sobre o papel do professor diante de um estudante vítima de um relacionamento abusivo. Assim como na Coreia, o cinema Japonês também produz, em sua maioria, grandes filmes de drama.
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