Raiva e tristeza varreram a Coreia do Sul na semana passada após a morte de Jeong-in, uma criança de 16 meses. O fato causou enorme indignação e polêmica pública.
Depois que o caso veio à tona por meio de uma reportagem investigativa da SBS no início deste mês, uma série de grupos cívicos e membros do público em geral pediram uma melhor proteção aos adotados e penas maiores para os infratores de abuso infantil.
O presidente Moon Jae-in pediu uma melhor execução das medidas em vigor para prevenir o abuso infantil, criticando as autoridades por sua falha em evitar a morte de Jeong-in e outras vítimas de abuso infantil.
“Apesar de terem feito relatórios policiais três vezes, (as autoridades) não conseguiram separar (a criança dos pais adotivos) no início, e a investigação preliminar foi mal feita,” Moon teria dito em uma reunião com o primeiro-ministro Chung Sye -kyun.
Chung prometeu revisar as legislações para impor penas mais severas aos infratores de abuso infantil e capacitar as agências governamentais relacionadas, bem como passar a atribuir responsabilidades mais claras para eles.
As autoridades não foram os únicos enfurecidos com a morte de Jeong-in.

O caso desencadeou uma onda de pesar em todo o país, com centenas de pessoas colocando flores, cartas e presentes perto do túmulo de Jeong-in em Yangpyeong, província de Gyeonggi.
Mais de 230.000 pessoas também assinaram uma petição pública à Casa Azul pedindo punições mais severas para seus pais adotivos para dar o exemplo de como o país deve responder aos casos de abuso infantil.
Uma campanha online expressando remorso pela morte de Jeong-in também varreu o país, com pessoas compartilhando hashtags como #SorryJeongin nas redes sociais. Várias celebridades, incluindo Jimin, do BTS, juntaram-se ao movimento, trazendo maior destaque para o problema.
Devido à atenção redobrada sobre o caso, mais de 813 pessoas colocaram seus nomes em um sorteio para concorrer às 51 cadeiras no primeiro dia de julgamento na quarta-feira.
A mãe adotiva de Jeong-in agora enfrenta acusações de assassinato e abuso infantil.

O Tribunal Distrital do Sul de Seul, onde o julgamento foi realizado, estava cheio de ativistas e manifestantes pedindo até mesmo a pena de morte para os pais adotivos. A corte também estava repleta de flores e coroas de flores homenageando Jeong-in.
O público também demonstrou preocupação a outro possível caso de abuso infantil que foi divulgado na sexta-feira.
Uma criança de 4 anos, de pijama, foi encontrada tremendo de frio, chorando em frente a uma loja de conveniência no distrito de Gangbuk, no norte de Seul, por volta das 17:40h na sexta. A polícia iniciou uma investigação sobre a mãe da criança por possível abuso infantil.
Grupos cívicos têm feito protestos e manifestações em todo o país desde que o caso de Jeong-in veio a público no início deste mês, pedindo uma inspeção especial na polícia e na agência de adoção envolvida no caso.
Em uma entrevista coletiva realizada pela Casa Azul, ativistas dos direitos das crianças exigiram que as autoridades investigassem a Holt Children’s Services, a maior agência de adoção da Coreia, para saber se houve erros e falhas em evitar a morte da criança.
O evento para a imprensa contou com a presença de uma série de associações de pais e grupos de ativistas pelos direitos das crianças e grupos de pais adotivos.
“O governo deve descobrir se Holt detectou sinais de abuso antes mesmo de ser informado”, disseram, acrescentando que a resposta das agências a cada uma das três denúncias de abuso também precisava ser analisada.
A agência de adoção pediu desculpas ao público, mas disse que uma fiscalização do Ministério da Saúde e Bem-Estar não encontrou irregularidades em relação ao caso.
Várias pessoas também fizeram doações para grupos de ativistas dos direitos das crianças, como a Associação de Prevenção do Abuso Infantil da Coreia, e pediram mais apoio aos direitos das crianças.
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