Empobrecida e predominantemente agrícola, a sociedade coreana dos anos 1950 foi marcada pelo horror da guerra e os dissabores da pobreza em um dos países que, à época, era um dos mais pobres do mundo.
As décadas de 1950 e 1c960 nutriram crianças, notadamente meninas, que desde cedo tiveram sua educação sacrificada em prol do sustento da família e da educação de seus irmãos. Em um contexto de escassez e pauperismo, com recursos bastante limitados, era arraigada a prática de enviar os filhos homens para a escola e manter as filhas em casa, cuidando dos irmãos mais novos e ajudando nas tarefas domésticas e do campo.
Hoje, contudo, a Coreia está longe de ser aquela nação empobrecida de antes, e aquelas crianças de outrora já são senhoras/ajummas. Ajummas que, infelizmente, não se vêem representadas pelo alto grau de alfabetização e escolarização característicos do país, que já alcançou a literacia adulta universal, com quase 100% da população alfabetizada.
Muitas ainda vivem nas áreas rurais, onde são latentes os efeitos da drástica queda na taxa de natalidade que vem sido observada no país nas últimas décadas.
![Sociedade &Raquo; Escolas Coreanas, Na Falta De Crianças, Matriculam Ajummas [A Moderna Joseon] Escolas Coreanas, Na Falta De Crianças, Matriculam Ajummas [A Moderna Joseon]](https://e7nymd233vm.exactdn.com/wp-content/uploads/2019/11/Ajumma-2.jpg?strip=all&lossy=1&resize=660%2C495&ssl=1)
Com uma das menores taxas de natalidade do mundo, diversas escolas situadas em zonas rurais viram o número de crianças despencar, devido à questão da natalidade, como já mencionada, mas também à migração de casais jovens para os grandes centros do país em busca de melhores empregos e mais oportunidades.
De acordo com dados da UNESCO, o número de estudantes do ensino fundamental caiu de 4 milhões em 2005 para 2.7 milhões em 2015. Com menos crianças se matriculando no sistema escolar, milhares de escolas ao redor do país foram fechadas por falta de crianças – cerca de 90% delas localizadas em áreas rurais.
Como resultado, vilas passaram a assemelhar cidades fantasmas e prédios escolares transformaram-se em ruínas. A situação, contudo, levou diretores de escolas rurais a recorrerem à criatividade para resolver o problema da falta de alunos. Uma escola no sudoeste do país, no condado de Gangjin, por exemplo, decidiu abrir as portas para ajummas interessadas em aprender a ler e escrever.
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O ingresso das ajummas possibilitou que a instituição permanecesse funcionando. Com filhos e netos já criados, elas finalmente tiveram a chance de gozar de um direito que, devido às mazelas de seu tempo, não lhes havia sido provido.
O fechamento de escolas rurais, no entanto, é apenas um dos impactos da mudança demográfica vivenciada na Coreia do Sul. Muitos outros já se fazem – ou em breve se farão – presentes, afetando diretamente a vida da população e demandando a atenção do governo.
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